Então eu assisti... Jogos Vorazes - A Esperança Parte (contém spoilers)
19:22
|TODAS AS OPINIÕES AQUI SÃO MINHA. NADA TÉCNICO, NADA PROFISSIONAL, APENAS UMA FÃ DE CINEMA E LIVROS DEMONSTRANDO SEU PONTO DE VISTA|
Por sorte não fiquei decepcionada. O filme de duas horas não
foi nem um pouco cansativo, mesmo sem tanta ação como nos filmes anteriores. O que
me faz gostar tanto desse filme sem dúvida foram as críticas sociais implícita em
toda a história e a questão psicológica da Katniss.
Vi em algumas resenhas pela internet alguns criticando a
postura fragilizada de Katniss e como isso não é positivo para uma heroína
protagonista e mulher. Pois eu não concordei. Achei essencial que humanizassem
a protagonista, mostrassem seu estresse pós traumático e como os terríveis
Jogos afetaram sua vida. Estou cansada de personagens sem profundidade,
perfeitos e inquebráveis. É inalcançável e irreal enquanto Katniss passa
verdade, desespero e coragem. Heroes are
over!
Acho complicado falar sobre questões técnicas do filme já
que não tenho base alguma de cinema. Mas pude notar que o diretor, Francis
Lawrence, abusou da coloração cinza em todo o filme, dando um ar de sobriedade
em tudo, contrastando com a extravagância de cores da Capital e sua população
mimada. Outra coisa que pude notar é como eles focavam a câmera no rosto dos
atores, mostrando suas expressões e emoções. Era de arrepiar. Ah, e não posso
esquecer de mencionar os efeitos especiais que estão nada menos que
empolgantes.
O filme começa com Katniss (Jennifer Lawrence) tentando se
adaptar e aceitar o que está acontecendo na sua vida. O cenário agora é o
Distrito 13, no subterrâneo. Eles não vivem, mas sim sobrevivem em um governo
inflexível e cheio de regras. Parece mais um grande formigueiro! A presidente
desse Distrito é Alma Coin (Julianne Moore), uma mulher fria e decidida que
planeja há anos a guerra contra a Capital.
Com a ajuda de Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman)
eles decidem usar mais ainda o símbolo da revolução que Katniss se tornou. Usando
a mesma moeda que a Capital costumava usar, fazendo propagandas com a Katniss
como personagem principal disso tudo.
Katniss reluta contra essa ideia. Afinal, a responsabilidade
é gigante para uma garota de apenas dezessete anos que apenas quer sobreviver. Depois
de alguns acordos ela aceita.
Plutarch sugere que Katniss vá até o Distrito 12, seu antigo
lar para que ela tenha uma ideia de como a guerra afeta as pessoas. Todo o distrito
destruído e nem 10% da população salva, Katniss finalmente torna isso mais
pessoal.
Katniss no Distrito 12 destruído |
O símbolo da revolução, o Tordo, se torna mais do que isso;
se torna um símbolo de esperança. Isso fica claro nas cenas em que Katniss
visita o hospital improvisado do Distrito 8, cena que achei bem impactante. Pessoas
feridas e com uma terrível condição de vida sentindo esperança e força com a
presença de Katniss, dispostas a lutar.
Uma coisa que gostei é que eles expandiram o universo dos
livros, mostrando as rebeliões dos Distritos contra a capital. A cena do
distrito sete subindo nas árvores após assoviarem e bombardeando os
pacificadores mostra como a Katniss influencia e simboliza a força dos
rebeldes. Outra cena que mostra isso é no Distrito 5 em que eles caminham para
o sacrifício em prol dos rebeldes cantando o hino da revolução – a canção da
Árvore Forca.
Também temos o crescimento do personagem Gale (Liam
Hemsworth, que, sorry, é mais interessante que o irmão Chris Hemsworth) nas
telas. Ele se torna importante na guerra, mostrando sua luta pelos seus ideais
e pelos rebeldes. Já vi muitos criticando ele, mas acho Gale um dos personagens
mais interessantes da série. No primeiro filme já vemos ele questionando a
Capital e pensando em fugir e agora no terceiro vemos ele lutando ao lado da
presidente e todos os rebeldes. Fiquei feliz que eles não focaram no romance
dos dois, na confusão dela diante de Gale e Peeta, já que esse dilema entre os
dois carinhas não serviria no filme cheio de tensão política. Seria meio que
uma forçação de barra.
Muitas pessoas têm o preconceito com Jogos Vorazes por ser
considerado “filme de adolescente”. Ridículo. Jogos Vorazes é uma série para
refletir, com críticas ótimas em que você questiona seu lugar na sociedade, o
ponto que a tirania e a ambição humana podem chegar e em como os humanos podem
se tornar primitivos quando apenas querem sobreviver. Considero Jogos Vorazes
um filme que serve aos jovens como uma introdução para te tornar alguém que
questiona, que pensa em questões sociais e humanas. Eu posso me usar como
exemplo, que li os livros aos doze anos e minha percepção mudou muito desde então
com um certo empurrãozinho da obra de Suzanne Collins.
Uma das cenas finais em que Finnick (Sam Claflin) relata as
atrocidades da Capital e intercalada as cenas do sequestro dos Vitoriosos
presos na Capital é épica. Eu vibrava e roía as unhas nesse momento. Finnick
não tem um papel grande nesse filme, mas quando aparece, é para lacrar.
No geral achei um ótimo filme, uma ótima adaptação. A
mensagem passada pelo filme foi esplêndida e considero necessário que seja
passado ao público jovem. Não apenas um filme para o público jovem, aliás, mas
para todos que gostam de personagens bem elaborados e uma história diferente e
envolvente. Não é porque a protagonista é adolescente que adultos não podem
assistir e gostar, por favor. Katniss é sim uma incrível personagem feminina e
precisamos de mais protagonistas mulheres assim. E que venha a parte 2!
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